segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Gaita: da fama à lama

A gaita não é exatamente um instrumento exótico, embora aqueles que toquem gaita, não raro, sejam visto com músicos exóticos. De origem europeia, o instrumento difundiu-se pelo mundo com rapidez graças a seu baixo custo. Entre o início e meados do século XX, ganhou as telas do cinem, da TV e as ondas do rádio. O grupo de gaitas Harmonica Rascals, por exemplo, participou de dezenas de curtas e muitos longa metragens entre as décadas de 1930 e 1940. O anão integrante do grupo, Johnny Puleo, fazia aparições regulares no Ed Sullivan Show, um dos programas de maior audiência nos EUA. O gaitista de blues, Sonny Bow Williamson II, apresentou mais de um programa de rádio entre as décadas de 1940 e 1950, fazendo propaganda de produtos como farinha de trigo e elixir Hadacol. Larry Adler, gaitista virtuoso americano, foi indicado ao oscar de melhor trilha sonora em 1953 e, em certa ocasião, tocou para os presidentes americanos Roosevelt e Truman na Casa Branca.

Mesmo no Brasil, temos registros de concursos e programas de rádio que revelaram grandes talentos. Edu da Gaita, por exemplo, destacou-se pela primeira vez em um concurso de gaita para estudantes colegiais que mobilizou sua cidade, pelotas, na década de 1920. Omar Izar iniciou carreira musical quando ganhou o concurso para gaitista da rádio Record de são Paulo em 1949. Apesar do passado glamuroso, é raro encontrar documentos e registros que remontem a "era de ouro da gaita". Em algum momento, a gaita passou da fama para a lama e suas conquistas ficaram no esquecimento. Nesse sentido, a gaita é sim um instrumento exótico. Creio que nenhum outro tenha obtido tamanha exposição nos meios de comunicação para em seguida cair no ostracismo.

Vejam a seguir, alguns videos da "era de ouro" que nunca vivemos... Mas, temos saudades.

Borra Minevitch & Harmonica Rascals no filme "One in a million" de 1937.

Larry Adler interpreta Night and day/hold that tiger em um filme não identificado (?!).

Maysa e o gaitista Rildo Hora interpretam "último desejo" de Noel Rosa na TV Globo.

Texto: Breno Pádua