“Impressão digital” é o que
diferencia qualquer pessoa, por mais parecida que seja uma com a outra. Também
utilizo essa expressão para definir a individualidade de determinadas
canções. Costumo chamar de “impressão digital da música” os elementos marcantes que podem ser usados por uma pessoa para descrever determinada canção à outra
pessoa sem precisar lembrar da letra ou do título desta canção. Por exemplo:
Como você descreveria a música “Walk Of Life” de Dire Straits para outra pessoa
sem falar o nome ou a letra da canção? Você consegue imaginá-la sem o seu riff principal?
Observe a
canção “Last Night”, um dos maiores sucessos do gaitista Little Walter e tente perceber suas
características sonoras principais. Embora sua primeira versão possua uma
levada “Walking Bass” a segunda tornou-se mais conhecida entre os fãs por possuir um riff que praticamente batizou esta canção:
Existe uma gaitista em São Paulo chamada Tiffany
Harp. Ela faz covers de Little Walter com a sua banda e toca essa música preservando
os arranjos originais, inclusive, fez questão de tentar copiar o solo de gaita
do Little Walter. O Guitarrista e o baterista também mantêm-se fieis à
“linguagem” do original a todo o momento. O diferencial foi a inserção de um
solo de guitarra:
Outro
exemplo parecido é a banda “No Time For Jive”- onde o gaitista já se permite
solar mais livremente, embora a banda permaneça fiel aos arranjos da gravação do Little Walter...
Ainda
que tocada com apenas um violão, é possível preservar a impressão digital da
música, como mostra o próximo vídeo:
Já na I-PAR
ONISHI BLUES BAND, tanto o baterista quanto o guitarrista não mantêm a
linguagem do original. O guitarrista faz inúmeras pontas (o tempo todo) e um
solo até bonito, só que com um timbre mais para “texas Blues do Steve Ray
Vaughan” do que um “Chicago Blues”. O gaitista usa uma gaita cromátca e faz
solos com uma intenção “Jump Blues” em terceira posição, que já é outra história. No entanto, eles mantêm
uma levada de baixo que é bem próxima da “impressão digital” da música...
Agora os
vídeos a seguir são o que chamo de “descaracterização da música” ou seja, quando
pessoas tocam sem qualquer comprometimento com a impressão digital da canção,
tendendo a cair numa zona de conforto que, sem querer, torna todas as canções
de blues iguais. É importante ressaltar que não estou criticando a execução dos
músicos nos links à seguir, apenas digo que, de modo intencional, ou não, eles
enquadraram a música Last Night numa linguagem “genérica”. Por melhor que tenham
sido tecnicamente as suas performances, a sensação é de estar ouvindo um blues improvisado
qualquer e não uma canção individual que possui
características próprias que a destiguem de outras.
Resumindo, mantendo
a impressão digital que
determinadas canções possuem ou fazendo releituras e compondo novos “riffs” que
realizem esse papel, as canções de blues soarão diferentes umas das outras
dentro de um repertório. Ao não se importar com esses detalhes os blues tendem
a ficar todos iguais.
É importante frisar que essa postagem faz parte do modo como eu enxergo o assunto, não sendo, por tanto, uma verdade absoluta. É apenas a minha opinião enquanto músico e observador. Comentem...
2 comentários:
Perfeita Analise Luiz Rocha fora que gostei tambem muito do 4° video
Olá!
Seus blog recebeu o Prêmio Liebster por minha indicação.
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